por José Saramago (Autor)
Um motorista, parado em um sinal de trânsito, repentinamente fica cego. Ele é a primeira vítima de uma misteriosa “treva branca” que se espalha incontrolavelmente. O caos rapidamente se instala, pois mais pessoas são afetadas. Desesperadas, as autoridades decidem isolar os cegos em quarentena. Dentro deste confinamento, os cegos enfrentam a degradação de suas condições humanas, embarcando numa verdadeira jornada pelas trevas da alma.
A situação na quarentena é desumana e caótica. Sem distinção de idade, classe social ou caráter, os cegos são forçados a lutar por comida e sobrevivência. As condições deterioram-se rapidamente, revelando tanto o pior quanto o melhor da natureza humana. A organização social colapsa, cedendo lugar à brutalidade e ao egoísmo, mas também à solidariedade e ao companheirismo. Em meio ao desespero, alguns ainda tentam manter a dignidade e a esperança, apesar da escuridão física e moral que os cerca.
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A cegueira branca, embora de natureza física, emerge como uma metáfora poderosa para a cegueira moral e social que permeia a humanidade. José Saramago, com sua escrita cativante e provocadora, nos incita a refletir profundamente sobre a fragilidade da civilização e a essência da condição humana. Ele nos desafia a ponderar sobre a responsabilidade de “ter olhos quando os outros os perderam”, destacando a imperativa importância da empatia e da solidariedade em tempos de crise.
No “Ensaio sobre a cegueira”, Saramago nos presenteia com uma narrativa perturbadora e comovente acerca da natureza humana. Ao entrelaçar literatura e sabedoria, ele nos força a uma pausa introspectiva, instigando-nos a refletir sobre nossa própria visão do mundo. Neste processo, somos convidados a resgatar a lucidez e o afeto, mesmo em meio à escuridão mais densa. Esta leitura, desafiadora e transformadora, imprime uma marca indelével em cada leitor, deixando um impacto profundo e duradouro.
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